TGV: Mobilidade, Metrópoles e Cultura Europeia
Tenho para mim que as (ou ao menos algumas) gandes infra-estruturas (e a rede europeia de TGV pode ser um bom estudo de caso) fazem parte de um planeamento estratégico que visa potenciar a mobilidade europeia como função causal do desenvolvimento de uma Cultura Europeia. Se tal hipótese tiver sentido, devemos antes de mais analisar tais infra-estruturas de um ponto de vista do interesse europeu e não apenas nacional ou regional. É sob o ponto de vista da globalização regional europeia que o TGV pode ter mais sentido. E tal pode potenciar algumas regiões transfronteiriças e ser prejudicial para outras. A discussão muito nacional (ou ibérica) que foi feita em campanha eleitoral parece-me deixar de lado, de forma um tanto paroquialista, a referência a uma Cultura Europeia que só se consegue com o Paradigma da Mobilidade e tal é uma agenda evidente da UE.
Creio, também, que outras infra-estruturas nacionais (em particular o Aeroporto e a sua mudança para a margem sul) evidenciam a relação entre Cultura Nacional e Globalização (entenda-se, antes de mais, UE). Ou seja, apesar de haver várias hipóteses de criar socio-espacialidades estratégicas nacionais face à globalização (destradicionalização; urbanismo por formatação; metropolização...), é a teoria de Cidade Primacial que acaba por ter pertinência. A focalização na linha Lisboa-Madrid, dá peso a esta interpretação. De facto, essa é a ligação à Europa! Já a ligação Porto-Vigo (o outro eixo metropolitano), é para extender a maior conurbação da 'West Coast'!
Qualquer ligação entre esta estratégia e o desenvolvimento das Cidades Médias em Portugal parece-me pura ilusão.Ou seja, como a Europa está em processo de centralização federativa, ao menos os países periféricos, como o caso de Portugal, optam por uma única cidade interlocutora. O plano surgido no final dos anos 90, denominado "Lisboa, Metrópole de Duas Margens" - e que provavelmente vai ser desenvolvido nesta legislatura - revela que as infra-estruturas têm um papel Cultural fundamental da construção da Europa como Arquipélago de Metrópoles.
É esta questão da Cultura como articulação de Metrópoles, tendo estas o papel cultural de serem 'brokers' da cultura europeia, que pode escapar se analisarmos as infra-estruturas de um ponto de vista da engenharia, urbanismo, economia, etc,. A política do Planeamento do Território, e especificamente das grandes infra-estruturas, está actualmente relacionado com a Cultura Europeia em formação.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
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